quarta-feira, 30 de abril de 2014

Remédios da vovó

Cada vez mais receitas caseiras têm resultados comprovados cientificamente
Não é só tradição popular que atravessa gerações.
Nos últimos anos, a ciência tem comprovado os efeitos do uso de plantas e até da canja de galinha


Houve um tempo em que o hospital e a farmácia ficavam no quintal de casa. Sem acesso à medicina formal — no Brasil, as primeiras faculdades só surgiram no século 19 —, os antigos lançavam mão de plantas e outros produtos derivados de minerais e animais para curar as moléstias do corpo e da alma. A origem dos remédios tradicionais, aliás, confunde-se com a do próprio homem. Evidências arqueológicas, como restos de ervas em potes de cerâmica, indicam que o conhecimento empírico das benesses da natureza existe há milhares de anos.
Passada de pai para filho, a sabedoria popular ainda hoje é amplamente utilizada. Todo mundo já tomou chá de camomila para acalmar; mel e limão no combate à gripe; aplicou emplastro de arnica para diminuir hematoma. Boa parte dos remedinhos da vovó, de fato, funcionam. “Nos últimos anos, a ciência tem dado mais valor a essa tradição popular, e pesquisas científicas têm comprovado os efeitos benéficos do chás”, afirma o nutrólogo Alan Ferreira Coutinho, do Hospital Santa Helena. Ele lembra que as infusões de plantas são usadas milenarmente para combater males como insônia, cólicas menstruais, diarreia, dores de estômago e controle do colesterol.
Coutinho cita um estudo publicado no Journal of Agricultural and Food Chemist que evidenciou os efeitos positivos da camomila. A pesquisa constatou que o chá dessa planta aumenta, na urina, os níveis de hipurato, um produto da decomposição de compostos herbais conhecidos como fenólicos — alguns deles, associados à atividade antibacteriana. “Isso pode ajudar a explicar porque o chá parece impulsionar o sistema imunológico e combater infecções associadas a gripes”, diz. O consumo da infusão da mesma planta também eleva níveis de glicerina, um aminoácido que alivia espasmos musculares, justificando sua utilidade para cólicas menstruais, além de relaxar os nervos. “Apesar dessas novas pesquisas, muita coisa sobre os efeitos dos fitoterápicos continua desconhecida, sendo necessários novos estudos para confirmá-los”, observa o nutrólogo.


Remédios naturais
Na família da esteticista Edna Pereira da Silva, 50 anos, o uso de plantas no combate a doenças atravessa gerações. A avó, parteira em Barreirinhas, nos Lençóis Maranhenses, tinha remédio para tudo. Folhinha de arruda para dor de cabeça, espinheira-branca para inflamações, boldo e casca de laranja para digestão, folha de maracujá para pressão, alho e gengibre para gripe, mel para lombrigas, mastruz para cicatrizar, cravo-da-índia para acelerar o metabolismo, pimenta para ajudar no parto… A lista é infindável. “Lá, no interior do Maranhão, é muito difícil ter médico. Na minha cidade, para ir ao ginecologista, você tem de viajar quatro, cinco horas e, às vezes chega ao hospital, mas não tem quem atenda. Sempre fui tratada com remédios caseiros”, diz. Moradora de Brasília desde 1997, ela conta que, apesar de ter mais facilidade de acesso aos serviços de saúde, continua recorrendo às receitas naturais. Mãe de sete e avó de 10, Edna criou os filhos à base de plantas. “Os chás funcionam de verdade”, garante.
Não são apenas as infusões a atuar como “santo remédio”. A canja de galinha é uma das mais infalíveis receitas das avós quando se trata de curar uma gripe. O nutrólogo Alan Ferreira Coutinho explica que elas estão certas. “Existem, sim, estudos científicos sérios sobre os efeitos benéficos da canja de galinha para o tratamento de resfriados”, atesta. Um deles, publicado na Chest, importante revista de referência da área de pneumologia, evidenciou que o consumo de canja de galinha reduz os sintomas da gripe. O médico destaca, porém, que até hoje não se sabe como a sopa atua para melhorar o sistema imunológico.
No meio científico, também não se tem certeza dos mecanismos do leite sobre a qualidade do sono. Tomar um copo da bebida antes de dormir é uma das mais tradicionais receitas caseiras para combater a insônia. Faltam, contudo, evidências sobre a eficácia desse método. Acreditava-se que o segredo estaria no aminoácido tripotofano, presente no leite e em todos os alimentos proteicos. Ele é um componente precursor da serotonina e da melatonina, neurotransmissores que desempenham um papel importante no sono. Contudo, a quantidade de tripotofano no leite é muito pequena para justificar o possível efeito sonífero.
Interessado em saber se a dieta influencia na qualidade do sono, o pesquisador Michael A. Grandner, do Centro de Sono e Neurobiologia Circadiana da Universidade da Pensilvânia, analisou os padrões de consumo alimentício de mais de quatro mil pessoas que participaram de um estudo nacional de nutrição nos Estados Unidos, englobando um período de dois anos. Os dados revelaram diversas associações entre diferenças na ingestão de micronutrientes e qualidade do sono. “Pessoas que relataram poucas horas de sono eram as com consumo de proteínas e carboidratos mais baixo”, observa Grandner. A pesquisa, porém, apenas encontrou uma relação estatística positiva entre qualidade do sono e ingestão de determinados alimentos — não apenas leite, mas frutas, verduras, legumes e cereais. Por isso, o cientista ressalta que, apenas com base nesse estudo, não se pode afirmar que o leite combate insônia.
Nem sempre a sabedoria popular acerta. Autor de um estudo sobre os tabus que cercam a alimentação durante a gestação, o médico indiano Rajkumar Patil, da Faculdade de Medicina de Geentanjali, diz que essa é a fase da vida em que mais surgem ideias erradas a respeito da saúde. “A quantidade de nutrientes ingeridos terá de aumentar, mas por meio de uma dieta balanceada. A mulher não pode ‘comer por dois’, como reza a lenda popular. Para a segurança da gestante e do bebê, é muito importante ouvir o médico e ignorar os boatos”, avisa.

Três perguntas para o nutrólogo Alan Ferreira Coutinho:

Alho, mel e limão são, tradicionalmente, receitados pelas vovós como um santo remédio contra problemas de garganta. Elas estão certas?
Sim, elas estão certas. O alho é rico em alicina, um composto com forte efeito antibacteriano e antiviral. Além disso, existem estudos evidenciando que o consumo de alho reduz o risco de alguns tipos de cânceres, como o de intestino. O limão é rico em citral, que também tem efeito antimicrobiano. O mel é conhecido por seu efeito expectorante, ajudando a elimiar as secreções. O gengibre é rico em calendreno (combate cólicas renais e menstruais, efeito analgésico), felandreno (também presente na menta, com efeito expectorante), além do zingibereno e zingerona, que são antivirais. Canela e cravo também contêm substâncias que ajudam nas infecções de garganta.

Comer manga e tomar leite em seguida faz mal?
Não é verdade. Essa crendice vem da época do Brasil escravagista. Como os negros comiam muitas frutas quando estavam trabalhando (em especial a manga, por ser mais facilmente disponível e muito calórica) e os senhores de escravos não queriam que eles roubassem o leite, essa crendice foi espalhada. Lógico que vários negros morreram após consumir manga e beber leite, não por causa da combinação, mas porque os senhores de escravos envenenavam o leite, fortalecendo, assim, a crença.

Outro conselho antigo comum é comer cenoura para a saúde dos olhos. Há algum fundamento nisso?
Você já viu coelho de óculos? Essa era uma coisa que minha mãe falava. Qual a verdade nisso? Até há pouco tempo, a população brasileira era deficiente em vitamina A.
A deficiência dessa vitamina, também conhecida como retinol (de retina mesmo) provoca um quadro conhecido como cegueira noturna, que pode evoluir até para a perda da visão. Hoje, essa é uma situação muito rara, até porque vários alimentos vêm suplementados com vitamina A. E o que a cenoura tem com isso? Ela é rica em betacaroteno, que é um precursor da vitamina A. Portanto, o fundamento é esse.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Sinos de vento (Furin)


Os sinos de vento têm uma história longa e variada. Seu desenvolvimento abrange culturas, continentes e usos. Como um dos primeiros instrumentos musicais do mundo, os sinos de vento são conhecidos por seus sons suaves e calmantes, proporcionam um efeito relaxante o que pode auxilar nas meditações. Como resultado de seu som único, os sinos de vento proporcionam uma atmosfera natural aos ambientes.
As primeiras evidências dos sinos de vento foram encontradas em sítios arqueológicos do Sudeste Asiático, por volta de 3000 a.C.
Feitos em osso, madeira, bambu, pedra ou conchas, os primeiros sinos de vento foram confeccionados para afastar os maus espíritos.
No entanto há evidências de que os sinos de vento tinham um uso mais prático.
Escavações em Bali, Indonésia mostram que os agricultores utilizavam os sinos de vento com o intuito de afastar e assustar as aves e outros animais de seus campos de cultivo.
Por volta do ano 2000 a.C os sinos de vento foram desenvolvidos de forma independente ao longo das margens do Mediterrâneo , sendo fundidos em bronze pelos antigos egípcios.
Por volta de 1100 a.C, quando os chineses começaram a lançar sinos, é que  o sino de vento encontrou sua evolução mais moderna, tanto musical como artisticamente.
Chinese bronze zhong, late Zhou dynasty
Metalúrgicos altamente qualificados criaram o antepassado do sino de vento, um sino de bronze chamado yong - zhong , utilizado como acompanhamento nas cerimônias religiosas.
Os chineses desenvolveram feng-ling, o sino de vento moderno, tal como o conhecemos.
Pendurados nos beirais de santuários, templos, pagodes e em cavernas, os sinos de vento foram considerados talismãs religiosos, utilizados para repelir demônios e fantasmas e atrair os bons espíritos.
Há séculos esta prática foi adotada em várias partes do mundo e os sinos de vento tornaram-se adornos comuns nas casas, como uma forma de proteger contra as influências sobrenaturais malévolas. 
O uso de sinos de vento nas casas, propagaram da China para o Japão e de lá para o mundo ocidental em 1800, quando a arte asiática, o design e a filosofia começaram a mostrar uma distinta influência na Europa e na América.
No feng-shui o sino de vento é utilizado para maximizar o fluxo de energia vital, ou Chi, em muitos casos usa-se os sinos de vento, como um meio de moldar um ambiente influenciando chi. Os tons e materiais utilizados em sua confecção podem afetar de forma significativa a energia do ambiente e por consequência, o humor das pessoas.
Do uso em pagodes para afastar os espíritos malignos, até seu emprego por antigas tribos 
imagem: Anatomia do Sino de Vento
celtas, como um meio de enganar seus inimigos, fazendo com que eles pensassem que as madeiras estivessem mal assombradas, o sino de vento teve um papel bem variado ao longo da história.
Na atualidade ele é sempre bem vindo em qualquer ambiente, dentro de  casa ou nos jardins, com seu tom suave ecoando a música da brisa, ele nos traz a sensação de relaxamento, paz e equilíbrio.

Ouça AQUI









Fonte do texto:http://www.outdora.com/brhiofwich.html

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domingo, 27 de abril de 2014

Gatos em copos de vinho, uma boa combinação

A criatividade é algo sem limites, não? 
Encontrei este fofíssimo conjunto de copos com temática felina, no site da artesã Mary Elizabeth. 
Sua criações além de lindas são bem originais. 
O conjunto composto por seis copos, são pintados à mão e podem ser customizados pelo cliente.
Neste conjunto, todos os gatos são pretos, com novelos e coleirinhas que se combinam na mesma cor. No lado oposto do copo, estão as marcas das patinhas felinas.
Que delícia!!! 
Seguem abaixo 3 das 6 fotos deste belo conjunto.
Confira as outras AQUI, mas sugiro que você dê uma olhada em todo o site, vale a pena.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Quando conversar com árvores não é loucura

O texto que segue abaixo foi retirado de uma reportagem da Revista Encontro, dentro do site do Estado de Minas. Resolvi postá-la pelo fato da mesma fazer uma referência a livros que nem sequer conhecia de Darwin e de Gustav Theodor Fechner, o que me deixou bastante curiosa e pela participação dos "entrevistados", com boas argumentações sobre o assunto = conversar com árvores.
Ainda que para a repórter conversar com árvore pareça coisa de louco e do certo ar de deboche em alguns trechos das reportagem, vale a pena dar uma lida.
No final acrescentei o PDF do livro Nanna, citado na reportagem.

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Xamanismo: Quando conversar com árvores não é loucura
Originada na Alemanha, essa crença, praticada em Belo Horizonte, é baseada na busca pela integração com elementos básicos da natureza, como terra, água, ar e fogo

http://www.fwii.net/profiles/blogs/avatar-movie-directly-1



Certamente você já ouviu dizer que tem gente que “fala” com as plantas. Uma tia do interior, sua avó... Em 1848, o médico e professor alemão Gustav Theodor Fechner já afirmava no seu livro Nanna, o espírito das plantas que elas têm sentimentos e emoções. Darwin, na sua obra O Poder do Movimento das Plantas, defende alguns pensamentos nesse mesmo sentido. O que não se imaginava, pelo menos até agora, é que as plantas poderiam estabelecer com os seres de carne e osso um diálogo real. Parece papo de maluco, mas, para uma turma que se reúne no Mangabeiras, falar com árvores é possível e faz todo sentido.
Praticantes da Escola de Xamanismo Moderno Kin Forest, eles acreditam em uma interação autêntica com esses frondosos seres da natureza. “Pode-se estabelecer uma relação de confiança com uma árvore. É uma questão de tempo e do tipo de vínculo, para que ela responda ao que você pergunta. Ela é um ser vivo e tem um espírito”, explica Victor Hugo Satoyim*, produtor dos eventos do Kin Forest na capital.
Lado místico da Organização Internacional Condor Blanco, com sede no Chile, a Escola de Xamanismo Moderno Kin Forest, com base no Mangabeiras, parte de uma filosofia que trabalha quatro conceitos básicos: prosperidade, felicidade, cultura e liberdade. Cada um desses princípios tem ligação com as profissões, relações afetivas, com o conhecimento adquirido e com o que você faz em prol do outro. De acordo com esses preceitos, o homem só será um ser completo se cuidar de todos os campos de sua existência. Incentivam o vegetarianismo e a ingestão de alimentos “vivos”, como grãos germinados.
A filosofia tem como fundador o chileno Suryavan Solar e está no Brasil há 17 anos. Em Belo Horizonte, atua há nove anos, com cerca de 400 adeptos, sendo 25 praticantes do xamanismo. “São quatro temáticas: terra, água, fogo e ar. Praticamos barroterapia, terapia com pedras quentes e cristais, banhos com plantas medicinais, relacionamento com as árvores, meditação, fogueiras para motivação pessoal e exercícios de respiração”, completa Satoyim.
Caminhadas ecológicas pelo Parque das Mangabeiras, muitas delas com os olhos vendados “para exercitar outros sentidos”, também são parte do programa, assim como os transes induzidos – sem o uso de drogas psicoativas. “Os ensinamentos baseiam-se no resgate da conexão com a natureza”, explica Rafael Sandekian*, instrutor do Kin Forest.
“Comunicando-nos com uma árvore, estamos falando com o espírito dela. Por meio desse contato, podemos receber uma informação, uma mensagem, ou esse espírito pode ser um canal para que se receba uma resposta de outros seres mais evoluídos, em outros níveis energéticos”, conclui Sandekian.
A nutricionista Simone Brasil Santos Lintariami* participa do Kin Forest há cinco anos e já esteve algumas vezes na sede da instituição. “Sempre tive tendência à depressão e não me aceitava do jeito que sou. A filosofia me fez resgatar a feminilidade; adquiri autoconfiança e estou prosperando financeiramente. Devo esse avanço à mudança de hábitos e à interação com a natureza, raiz de tudo”, afirma.
O caminho da purificação, no entanto, tem preço: entre terapias e bate-papo com as árvores, o interessado pagará taxas que vão de R$ 250 a R$ 1,5 mil. Quem quiser desembolsar mais pode pagar viagens e até ir ao Chile conhecer o local onde tudo começou.

* Satoyim, Sandekian e Lintariami são nomes que os entrevistados receberam quando fizeram a opção pela filosofia. O significado dos nomes não é revelado, cabendo ao seguidor descobrir, ao longo da vida.


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Fonte da imagem:
http://www.fwii.net/profiles/blogs/avatar-movie-directly-1

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Olhe bem a montanha

Olhando para esta bela imagem, nossa imaginação voa e dá até vontade de estar lá.
Mais exatamente em Cruzeiro (São Paulo).
Observe-a bem atentamente.
Descobriu alguma coisa?
Monumento Natural Municipal de Itaguaré, em Cruzeiro - Revista Blogdescalada.com



Um rosto de perfil.
Foi o que vi, tão logo bati o olho nesta imagem.
Caprichos da natureza!
Viva a Serra da Mantiqueira!

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Belas e perigosas: plantas decorativas podem ser venenosas e até matar


Poinsétia (Bico de papagaio)
Crianças e animais de estimação correm sério risco ao ter contato com algumas espécies de vegetais decorativos ou mesmo presentes em quintais. 
Saiba quais devem ser evitados e os problemas que eles podem causar

por Fernanda Nazaré

imagem: Claudiana e  Lupita
A analista de marketing, Claudiana Costa, de 29 anos, tem quatro cães. Todos são tratados como filhos. E como toda mãe, que vive com os olhos atentos, percebeu que a vira-lata Lupita não estava bem. "Moro ao lado dos meus pais e deixo os cães na casa deles, todos os dias, para ir trabalhar. Num dia, quando fui buscá-los, percebi que a Lupita estava diferente, agitada, ofegante, coração disparado e engasgando", conta. A cadela foi levada às pressas para a clínica veterinária, onde foi examinada e se constatou intoxicação alimentar. Nesse momento, o marido de Claudiana lembrou de ter visto o animalzinho mordiscando uma planta diferente no quintal do sogro.
A espécie em questão é a erva-de-guiné, popularmente conhecida por espantar mal olhado e utilizada em banhos aromáticos. O problema é que a raiz é tóxica e pode provocar excitação e alucinações. Se for ingerira continuamente, gera convulsões e até a morte. Lupita ficou internada por três dias, e fez um tratamento para reverter lesões no rim durante um mês. "A sorte foi que a socorremos rapidamente", afirma Claudiana, que hoje inspeciona o quintal do pai e, em casa,  mudou os vasos de plantas para um local fora do alcance dos cães.
Várias flores e vegetais folhosos comuns nos lares brasileiros representam um verdadeiro perigo. As plantas leitosas, que, se quebradas, liberam um líquido leitoso, como a coroa-de-cristo, muito usada em jardins externos, e a bico-de-papagaio, típica na época do natal, por sua folhagem vermelha, podem causar lesões na pele e nas mucosas, inchaço de lábios, boca e língua, dor, queimação e coceira. A mamona, que já fez parte da infância de muita gente, por ter bolinhas espinhosas boas para brincar de “guerra”, e o caule oco, usado como canudo para fazer bolinhas de sabão, é extremamente venenosa. A semente tem ricina, uma toxina que é letal se ingerida. Em casos menos graves, esse elemento ocasiona queimação na garganta, vômitos intensos, taquicardia e diarreia.
De acordo com Simone Cristina Alves, professora de biologia e especialista em plantas medicinais e tóxicas da PUC Minas, existem mais de 100 espécies de plantas venenosas, que são extremamente perigosas. Muitas não podem nem ser tocadas. É preciso, portanto, ter cuidado quando não se sabe o potencial toxicológico de alguns vegetais. "Calcula-se que em torno de 60% dos casos de intoxicação por plantas, no Brasil, ocorram em crianças menores de nove anos, e que 80% deles são acidentais", explica. Alguns venenos presentes em plantas podem não causar a morte quando ingeridos, porém, levam a sérias lesões em órgãos vitais como cérebro, coração e pulmões. Outras toxinas, mesmo em pequenas doses, podem levar ao óbito em um curto espaço de tempo.

Contra o mal olhado

A idéia popular de que algumas plantas têm o poder de espantar o mal olhado não é apenas uma lenda. Segundo a especialista em botânica, essa propriedade vegetal é real. A espécie emana uma energia positiva que repele a negativa. "O que a ciência tem comprovado é que nas células desse tipo de planta, existem muitos cristais de oxalato de cálcio, que poderiam agir de forma a neutralizar as energias negativas", diz Simone Alves. 

Mas, antes de escolher sua planta para “limpar” o ambiente, siga alguns cuidados:

Mantenha as plantas venenosas fora do alcance das crianças;
Conheça as espécies tóxicas existentes em sua casa e nos arredores, pelo nome e características;
Ensine as crianças a não colocar plantas na boca e não utilizá-las em brincadeiras;
Não prepare remédios ou chás caseiros sem orientação médica;
Não coma folhas, frutos e raízes desconhecidas. Lembre que não há regras ou testes seguros para distinguir as plantas comestíveis das venenosas. Nem sempre o cozimento elimina a toxicidade da planta;
Tome cuidado ao podar as plantas que liberam látex (seiva leitosa branca) provocando irritação na pele e principalmente nos olhos. Quando estiver lidando com plantas venenosas, use luvas e lave bem as mãos após esta atividade;
Em caso de acidente, procure imediatamente orientação médica e guarde a planta para identificação;
Se estiver na dúvida quanto a toxicidade das plantas na sua casa, consulte o site do Sinitox.

Clique na imagem para ampliar.


terça-feira, 22 de abril de 2014

Tantas Luas: Canções para quem gosta de olhar a lua


Para ouvir,clique sobre o título da canção.

LUA NOVA
LUA, LUZ, LUCIANA
LUA OU LUCIANA
SOL E LUA
LÁ VEM A LUA
TANTAS LUAS
LUA GATA
LUA FAVORITA
A LUA É AMARELA
LUA ESPIRULINA
LUA, ONDE É QUE 'CÊ TÁ?
SÓIS E LUAS


Todas as músicas por Eduardo Loureiro Jr. (edoardo@patio.com.br),exceto "Sóis e Luas", em parceria com Fabiano dos Santos. Violão de aço e baixolão: Fábio Marques.
Ensaio gravado no Estúdio Cadeira (Fortaleza - CE) em Dezembro de 2009.
Fonte: http://patio.com.br/tantasluas/

segunda-feira, 21 de abril de 2014

28ª Feira de Cerâmica em Belo Horizonte de 25 a 27 de Abril/2014















Participantes:
Aivete e Marilene
Angela Maciel
Ateliê Cidarte
Ateliê Flavia Soares
Bárbara Ferreira
Bel Rezende
Bernadete Santiago
Breno Lavalle
Carmelita Andrade
Ceramigas
Cibele Tieztmann
Cristiana Souza
Djenane Vera
Duo Arte Atelier
Enilda Felício Araujo
Erli Fantini
Flávia Guimarães
Flávia Picinin
Flávia Rocha
Ione Laurentys
Jacinta Franco
Jane Resek
Laila Kierulff
Leninha Latalisa
Marcia Silva Martins
Marcílio Figueiredo
Maria Luiza Campos
Neide Nativa
Rafael Rodrigues
Rossana Senden
Regiane Espírito Santo
Roberto Lott
Sebastião Pimenta
Sol Friedman
Sonia Imanishi
Sonia Rigueira
Teresa Nascimento
Teresinha Maria da Cunha
Wander Marcílio
Zora de Andrade Paiva



imagem: Cerâmica de Neide Nativa
Curiosidade - Origem da palavra olaria 
Em latim, havia o substantivo “olla” para indicar panela, geralmente de barro. Ainda no século XII, bem no início da formação de língua portuguesa, esse substantivo passou para o português como ola, termo hoje fora de uso, mas que era empregado para designar um recipiente ou vasilha de barro. Com a anexação do sufixo –eiro, formou-se o substantivo oleiro, para indicar o indivíduo que fabrica e/ou vende objetos de barro. Bem mais tarde, já no século XVIII, com o sufixo –aria, formou-se o termo olaria. E o termo é empregado até hoje para designar o local onde se fabricam tijolos, telhas, potes e outros objetos de barro ou de cerâmica


Visite o site:
http://www.feiradeceramica.com.br/

domingo, 20 de abril de 2014

Época da Páscoa: Ação do Sangue de Cristo na Terra e no Cósmos


por Flavio E. Milanese

A festa da Páscoa e comemorada no primeiro domingo após a primeira Lua cheia que ocorre depois do Equinócio de Outono (ou de Primavera no Hemisfério Norte). É uma festa móvel; sem vínculo com um determinado dia do ano, e isso significa que não é uma festa totalmente terrestre. O fato dela estar relacionada com o Equinócio nos revela uma característica cósmica. Além disso, ela é comemorada no Domingo, e isso tem uma íntima relação com o Sol. A Páscoa é uma festa de natureza cósmica que dirige nossa consciência à mais elevada entidade que já viveu entre nós, o Cristo, intimamente ligado às forças Solares. Ao considerarmos a Páscoa segundo esse aspecto estaremos omitindo uma outra característica muito importante relacionada com essa festa que é a Lua, pois o Domingo de Páscoa ocorre após a Lua cheia.

O presente trabalho pretende estabelecer uma relação da Páscoa com a Lua, não apenas com a esfera lunar atual que tem relação com a Prata e com os processos de espelhamento e reflexão, mas também com a Antiga Lua cujo representante é o planeta Marte relacionado com o Ferro, com a vontade humana e com o sangue.

Ao cultivarmos em nossa vida interior o ambiente daquilo que acolhemos ao lermos as descrições da crucificação de Cristo, começa a surgir em nosso íntimo uma imagem que vai se tornando cada vez mais forte e viva à medida em que vamos contemplando esses sagrados acontecimentos dia após dia.
E a imagem que surge diante de nós é a de um ambiente de trevas e angústia. O Sol no alto do céu afogado por um eclipse criando um ambiente de sombras. Durante uma eclipse os animais ficam irritados, os cães latem, os pássaros gritam e voam de maneira agitada. Toda a atmosfera é preenchida por sons de medo e terror emitido pelos animais que percebem instintivamente a atmosfera tenebrosa do eclipse onde toda a paisagem parece estar morta. As cores mais vivas deixam de existir, predominando sons acinzentados e azulados. Uma atmosfera de tensão que precede algo terrível paira no ar.

Ao longe, três cruzes. Na do meio jaz uma entidade que está em vias de morrer. As palavras que ele emite reverberam na atmosfera e permanecem ecoando, gerando espaços e ambientes. Seu corpo parece emitir uma luz sagrada naquele ambiente de trevas.

A terra consumida, acinzentada e totalmente opaca a tudo aquilo que vem do Cosmos se revela como algo compacto, material e morto. Ainda hoje, durante os eclipses a Terra se revela como algo totalmente material.

Nessa atmosfera de morte, trevas e angústia, gotas de sangue caem da cruz. E naquele momento em que o sangue de Cristo se encontra com aquele solo escuro e tenebroso, esse próprio solo começa a brilhar. À medida que o sangue de Cristo vai caindo, aquela terra antes tenebrosa e opaca vai se tornando luminosa e transparente.

Diante dessa imagem vai surgindo em nosso íntimo a seguinte pergunta: O que é esse sangue do Cristo, capaz de transformar o solo mineral e morto em uma entidade espiritual? Como esse sangue é capaz de espiritualizar toda a Terra? Existem tantos aspectos que poderiam ser mencionados em relação a esse sangue, mas gostaríamos de mencionar o aspecto de ver o sangue como uma espécie de ESPELHO.

Ao depositarmos Chumbo na superfície de um vidro iremos obter um espelho que reflete um mundo acinzentado, doentio e morto. Um espelho de Cobre reflete um ambiente avermelhado, como se tudo estivesse quente, pegando fogo. Os espelhos comuns, capazes de revelar o meio ambiente sem interferir na imagem refletida são feitos de Prata. Podemos considerar o sangue de Cristo como um espelho que além de refletir o mundo Espiritual na Terra, adiciona matizes de amor e devoção a esse reflexo, ou seja, é algo que HUMANIZA esse reflexo. Podemos encontrar uma referência bastante significativa em relação a isso na palestra de 31 de dezembro de 1911 proferida por Rudolf Steiner em Hannover (GA 134 – “O Mundo dos Sentidos e o Mundo do Espírito”). (1)

Para podermos mencionar essa característica de espelho do sangue precisamos nos dirigir novamente aos primórdios da criação. (2)
Durante os primórdios da evolução em uma era descrita pela ciência Espiritual como Antigo Saturno, iremos encontrar seres muito elevados, denominados Tronos, oferecendo seu próprio ser que consiste em uma calorosidade criadora capaz de gerar mundos e seres. Entidades ligadas aos períodos de tempo e aos estilos das épocas, que denominados Arqueus acolhem essa calorosidade geradora de seres que paira no meio ambiente transformando-o em algo íntimo. O trabalho dos Arqueus de transformar a calorosidade criadora existente no meio ambiente em algo próprio e íntimo vai fazendo com que surja nessas entidades a experiência deles serem algo distinto do meio ambiente, ou seja, durante a evolução do Antigo Saturno os Arqueus vão adquirindo a consciência Eu pelo fato deles se ESPELHAREM nessa estrutura que eles edificaram. Essa estrutura, porém, é o germe do corpo físico humano, e nos primórdios da criação do ser humano nós servimos de espelho para que os Arqueus pudessem se reconhecer e assumir o degrau humano.

Durante a evolução seguinte, denominada Antigo Sol, elevados seres denominados Espíritos da Sabedoria contemplam o sacrifício dos Tronos. Para eles isso é algo tão maravilhoso que eles vertem todo o seu ser nessa contemplação gerando atmosferas de encontro, reverência e gratidão que fluem no antigo Sol. Os Arcanjos captam essa atmosfera viva preenchendo aquelas estruturas-calor que tinham sido formadas na evolução anterior. Os Arcanjos tornam íntima a atmosfera de reverência e admiração emanada pelos Espíritos da Sabedoria fazendo com que aquelas estruturas calor irradiem vida. Os Arcanjos ao verterem a substancialidade espiritual do meio ambiente nessas estruturas-calor, vão tornando íntimo, interno, aquilo que existe no meio ambiente. E à medida que eles vão realizando essa atividade, eles vão tendo a experiência de serem diferentes do meio ambiente, ou seja, os Arcanjos vão adquirindo a consciência EU pelo fato deles se ESPELHAREM nessa estrutura que eles edificaram. Essa estrutura, porém, é o germe do Corpo Etérico do ser humano que serviu de ESPELHO para que os Arcanjos pudessem se reconhecer e assumir o degrau humano.

Durante a evolução seguinte denominada Antiga Lua, os Espíritos do Movimento contemplaram os desvios que estavam ocorrendo na evolução, doando todo o seu Ser no restabelecimento de um equilíbrio dinâmico capaz de estabelecer um relacionamento entre aquilo que existe no Cosmos. E tudo começa a fluir. Os Anjos captam esse ambiente de fluidez dinâmica e dirigem sua atividade no sentido de dotar de movimento e mobilidade aquelas estruturas de calor-vida que estavam sendo formadas e que começaram a manifestar um movimento interno de fluidez e revelar um movimento externo. E à medida que os Anjos iam realizando essa atividade, eles iam tendo a experiência de serem uma entidade que difere do meio ambiente, ou seja, os Anjos ao se ESPELHAREM nessa estrutura que eles iam criando, iam adquirindo a consciência EU. Essa organização que eles iam criando e se espelhando constitui o germe de nosso Astral. Durante a antiga Lua o ser humano serviu de ESPELHO para que os Anjos fossem adquirindo sua consciência EU ou humana.

Se toda a evolução tivesse transcorrido em harmonia, no degrau evolutivo seguinte, que é a Terra atual, os Espíritos da Forma teriam emanado a única substância física que existiria no Cosmos, e teria sido aquilo que temos hoje como SANGUE. Esse sangue seria algo em estado disperso, dinamizado, e durante um período bem curto iria cristalizar-se em uma estrutura plana, em uma película análoga a um ESPELHO capaz de refletir o mundo espiritual à própria Terra. Esse sangue humano teria atingido o degrau mais elevado da evolução, e esse degrau é a forma como algo capaz de refletir na Terra aquilo que ocorre no mundo Espiritual, ou seja a FORMA como um ponto de passagem entre o Universo Criado e a Terra que seria transformada pelo ser humano.

Contemplemos uma escultura que é algo que tem uma FORMA. Essa obra de arte é o resultado de algo que começou com a vontade, o entusiasmo, com o QUERER CALOROSO em criar algo novo. Para concretizar essa vontade, o escultor concebeu, planejou e pensou essa obra, ou seja, a obra de arte passou pelo estágio da SABEDORIA. Depois da escultura ter sido pensada, ela será executada. Uma série de movimentos na argila, uma sucessão de formas em contínua transformação vão surgindo durante a elaboração da escultura. Essa obra de arte passou pelo estágio do Movimento e depois disso surgiu a FORMA definitiva. Resumindo, temos os seguintes estágios que culminaram com o surgimento da FORMA.

QUERER CALOROSO
Essa forma terminada é capaz de transmitir uma mobilidade interior, um MOVIMENTO interno. Ela nos revela um determinado estilo que é a idéia geral representada por uma série de esculturas do mesmo autor, ou seja, essa escultura nos mostra uma SABEDORIA que se revela como um estilo. Essa escultura também nos transmite uma força configurativa que nos transforma, agindo até as profundezas mais inconscientes de nosso ser, despertando em nós uma CALOROSIDADE como força moral.(3) Temos então o seguinte:



A Forma é o ponto de passagem entre o mundo que foi tecido e configurado pela criação, pelo escultor, e o mundo recriado pelo ser humano, a escultura, é a EXPRESSÃO de toda a obra divina. O mundo IMPRESSO pelos deuses se ESPELHA através da FORMA em um mundo capaz de EXPRESSAR a obra divina.

Durante a evolução terrestre os Espíritos da Forma emanam algo que é a própria FORMA como um ponto de passagem entre o universo dado pelos Deuses e o Cosmos re-criado pelos seres humanos. E essa “substancialidade” da forma está relacionada com o sangue. O ser hu_mano em estado totalmente espiritual acolheria em seu ser inspirações, intuições e imaginações provenientes do mundo divino. Nesse estado de acolhimento seu sangue estaria totalmente disperso, em estado imaterial, dinamizado. Durante um tempo muito curto esse sangue viria se materializar como uma fina película, como um espelho plano capaz de transmitir à Terra tudo aquilo que foi acolhido no mundo cósmico como imaginações, inspirações e intuições.

A medida que o ser humano ia transmitindo através de seu SANGUE que durante um curto período de tempo se condensava como uma superfície plana capaz de espelhar o mundo criado pelos seres Espirituais, o ser humano nesse momento da condensação do sangue tinha a experiência do Eu, de ser uma entidade distinta do meio ambiente.

O sangue em estado espiritual permitia que o ser humano acolhesse aquilo que foi realizado pela criação. O sangue ao se condensar permitia que aquilo que foi acolhido fosse plasmado na Terra. Nesse momento o ser humano se reconhecia como um Eu distinto do meio ambiente plasmando a Terra através de sua individualidade.

A ação de Lúcifer no sangue humano se realizou de maneira a impedir que ele se transformasse em um plano capaz de servir de ponto de passagem entre o mundo impresso pelos Deuses e o mundo expresso pelos homens. Esse espelho deixou de ser algo plano capaz de refletir com precisão, mas foi se dissolvendo, se liquefazendo e tornou-se algo ligado à própria interioridade humana. O sangue humano tornou-se dessa maneira uma entidade que reflete o mundo INTERNO transmitindo tudo isso à entidade humana. Dessa maneira o homem começou a sentir-se como um Eu distinto do meio ambiente, capaz apenas de ter vivências internas isoladas do Cosmos. A forma foi dissolvida, liquefeita e o sangue tornou- se algo capaz apenas de transmitir à nossa consciência um mundo de sentimentos, sensações e paixões provenientes de uma vida interior isolada do meio ambiente. A ação de Lúcifer é de impedir o surgimento da forma como ponto de transição entre dois universos deixando o ser humano estacionado em um degrau anterior que é o do movimento.

A ação de Arimã no sangue humano é o de impedir que ele transmita as intuições, inspirações e imaginações provenientes do mundo Espiritual à Terra, mas que essa forma seja apenas capaz de expressar as forças metabólicas do organismo humano relacionadas com os processos de degradação e digestão da matéria, e essas forças relacionadas com o número, peso e quantidade.

A evolução culminou no surgimento do ser humano que é a expressão de toda a atividade criadora. O metabolismo está relacionado com a perda da vitalidade da matéria que está sendo digerida e com a formação de substâncias próprias. O mundo espiritual ao gerar o metabolismo humano insuflou uma maravilhosa sabedoria ligada ao peso, número e quantidade (5) e isso tem relação com a própria matéria que está sendo transformada nesses processos digestivos. Os processos de reprodução também fazem parte do metabolismo. A própria configuração dos ácidos nuclêicos nos revela os maravilhosos ritmos criadores cósmicos congelados na estrutura química desses compostos que estão ligados à formação de substâncias. Os ácidos nuclêicos permitem que a vida vá desaparecendo na substância. Além dos processos digestivos e reprodutivos, o sistema metabólico está ligado com o movimento e com os membros que são as estruturas capazes de promover a mobilidade humana. A energia obtida através dos processos metabólico-digestivos de cisão e quebra da substância viva é dirigida aos membros que se movem. Os processos metabólico-digestivos lidam internamente com a substância e esses processos ocorrem em nível praticamente inconsciente. Os processos de movimento dos membros nos permitem lidar com a matéria de maneira muito mais consciente.

Os seres Arimânicos têm como desejo apoderar-se da inteligência existente nos processos metabólicos de digestão, reprodução e membros. Em relação aos processos de degradação da substância os seres Arimânicos pretendem se apoderar das forças relacionadas com o número, peso e quantidade, e isso está ligado com as concepções materialistas que existem na ciência e na economia.

Em relação aos processos metabólicos, Àrimã pretende dominar os processos de desvitalização e formação de substância física material. Isso está ligado com a manipulação dos genes para obter substâncias às custas da extinção da vida. Em relação aos membros, Arimã pretende se apoderar das forças e energias dirigidas à ação humana. Brinquedos infantis que exigem apenas o movimento de dois dedos para conseguir jogar constituem um exemplo da estagnação do movimento humano. Essas forças são dirigidas à própria tensão emocional existente no jogo, nutrindo esse mundo virtual com essas forças humanas.

Mencionamos que o sangue humano se revela como um ESPELHO, como uma forma capaz de ser o elo de transição entre o mundo DADO e o mundo CRIADO. A ação Luciférica transformou o ser humano em uma entidade fechada, excluída do Cosmos, e o sangue humano aprisionado na organização corpórea humana tornou-se líquido, vinculando-se à vida interior humana ligada com as sensações, emoções e paixões, e incapaz de configurar uma forma capaz de espelhar na Terra as forças criadoras divinas.

Cristo, uma entidade proveniente da mais elevada região celeste, da esfera da Trindade, em atitude de profundo amor pela criação desce até o mais baixo degrau da evolução, e durante três anos, entre o Batismo no Jordão e a morte na cruz vive como ser humano. Durante o primeiro ano Cristo redime o corpo Astral transformando-o em uma organização de Fé. No segundo ano Cristo redime o corpo Etérico transformando-o em uma organização de Amor, e no terceiro ano redime seu corpo Físico transformando-o em uma organização capaz de preencher todas as esperanças e aspirações que as entidades espirituais depositaram no ser humano.(4) É natural que o SANGUE que fluiu em seu corpo tenha acompanhado tal transformação.

Cristo viveu em si inicialmente uma dor interna diante dos desvios ocorridos na evolução e do afastamento dos seres humanos das grandes virtudes aspiradas pelos criadores. Além da dor interna foi sendo adicionada a dor externa, inicialmente sua superfície corporal quando foi chicoteado, depois em suas partes mais profundas quando foi coroado com espinhos e em seguida uma dor ainda mais interna junto com uma profunda sede quando foi crucificado. E essa dor que foi se transformando em amor foi sendo acompanhada gradualmente por uma abertura de seu corpo. A princípio o chicote que fez sua superfície corporal sangrar, depois os espinhos que furaram o seu corpo até as partes mais internas e logo em seguida os pregos da cruz que atravessaram totalmente seu corpo. Depois de tudo isso uma lança perfurou seu coração.

Cristo, uma elevada entidade divina, totalmente pura e inocente viveu em si a dor da abertura corpórea. E essa dor transformada em Amor faz parte de seu sagrado Ser. E aquele sangue que estava fluindo de seus ferimentos também tinha como conteúdo a dor de estar sendo aberto, transformando-se em Amor. E isso foi sendo emanado aos seres humanos. E como se trata de uma entidade acima da 1ª Hierarquia, aquilo que ocorreu está ocorrendo e vai continuar a ocorrer. Essa dor de estar sendo aberto transformada em Amor e vertida aos homens através de seu Sangue permite que cada um de nós possa superar o isolamento criado por Lúcifer rompendo aquela carapaça que nos isola dos sagrados eventos da criação e da ligação com outros seres humanos, e também possibilitando que aquele mundo interior de paixões, fúria e cobiça possa ser aberto deixando entrar uma luz sábia e plena de calorosidade capaz de transformar aqueles sentimentos que foram gerados nas trevas em novas virtudes humanas.
Iremos examinar a seguir a superação do impulso Arimânico através do sangue de Cristo.

Uma elevada sabedoria criadora se consumou no surgimento do sistema metabólico humano. Àrimã quer se apoderar dessa elevada inteligência que plasmou esse sistema voltando-se aos processos de reprodução, metabolismo alimentar e movimento dos membros. Em relação à reprodução Arimã dirige sua ação na transformação da vida em substâncias trazendo como conseqüência o enfraquecimento e a desvitalização dos seres vivos.

Cristo, uma entidade sagrada proveniente das mais elevadas regiões espirituais vincula todo o seu sagrado ser à Terra e nos momentos que antecedem a sua morte vai se esvaindo em sangue. Essa substância portadora de vida que foi sendo aprimorada em seu ser vai gotejando no solo e transmitindo à substância terrestre morta, mineralizada e sem nenhuma possibilidade de transformação, um novo impulso capaz de torná-la novamente espiritualizada, permitindo que os seres humanos possam continuar esse trabalho de transformação da matéria.

Os seres Arimânicos tentam usurpar a inteligência contida nos processos metabólico-digestivos intimamente ligados aos impulsos materializantes relacionados com o número, peso e quantidade. Esses seres pretendem emanar os três elementos em todas as atividades da vida. O SANGUE de Cristo supera esse impulso da seguinte maneira: Cristo ao abandonar as regiões mais elevadas do mundo espiritual vincula seu ser com a Terra e com os seres humanos. Durante sua vida transcorrida entre o batismo no Rio Jordão e a morte na cruz aquela entidade inocente e pura foi transformando seu corpo de maneira a não se tornar apenas aquele ser humano previsto e planejado pelos criadores totalmente livre das influências Luciféricas e Arimânicas, mas muito mais do que isso, uma entidade que transformou toda a dor cósmica e terrestre em um profundo Amor. E o sangue de Cristo, o representante da humanidade, se revela como aquela substância primordial planejada pelos seres criadores do Universo. Ao fluir de seus ferimentos esse sangue cai na Terra e como um ESPELHO transmite toda a beatitude celeste, todas as virtudes do mundo Espiritual à Terra. E não só isso: esse sangue não agiu apenas como um espelho, pois não era algo plano que se condensava e se dissolvia como tinha sido planejado pelos seres criadores, mas seu sangue líquido também era o portador de tudo aquilo que se passava em sua vida íntima. Todo aquele sofrimento transformado em Amor foi adicionado ao seu sangue. E todas essas virtudes também foram transmitidas à Terra e às substâncias materiais. Quando o sangue de Cristo estava gotejando, a Terra foi se tornando transparente e começou a reluzir. Todos os reinos da natureza receberam uma nova vida preenchida de um intenso Amor.

Ao lidarmos com uma substância estaremos trabalhando diretamente no próprio corpo de Cristo. Aquela materialidade morta, sombria e sem nenhuma possibilidade de transformação recebe através do sangue de Cristo uma nova possibilidade de ir se tornando não apenas algo novamente de natureza espiritual, mas essa matéria espiritualizada poderá ainda, continuar sua evolução denominada NOVO Júpiter.

Essa transubstanciação da matéria que acolheu em si as dádivas do sangue de Cristo não ocorre de maneira espontânea e automática, pois Cristo ao se vincular com a Terra e com os seres humanos fundiu todo o seu trabalho com a humanidade. Diante de tudo isso, o ser humano deixa de ser uma entidade passiva diante da evolução, mas vem se tornando um livre colaborador de todo o processo evolutivo. A matéria recebeu as forças de vida doadas pelo sangue de Cristo, mas nada poderá ser feito no sentido da espiritualização da Terra se o ser humano não participar ATIVAMENTE como um colaborador de todo esse processo evolutivo.

Através das forças de amor presentes no sangue de Cristo o ser humano poderá superar as influências Luciféricas tornando-se capaz de abrir-se para o Cosmos superando as dificuldades ligadas aos sentimentos, emoções e paixões e ao isolamento social. Através das forças de amor doadas através do sangue do Cristo a humanidade poderá vencer as tentações de Àrimã ligadas à desvitalização e à formação de uma matéria morta e inerte, cuja imagem é o pão das pedras. Esse próprio sangue nos dá as Forças para podermos novamente vitalizar as substâncias que estavam mortas transformando a Terra no corpo de Cristo, e essa transubstanciação não é algo simplesmente dado por Cristo, essa entidade ao unir-se com a Terra e com a humanidade torna os seres humanos responsáveis pela continuidade desse trabalho.

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sábado, 19 de abril de 2014

Os Acontecimentos da Semana Santa Sábado de Aleluia – Dia de Saturno



Estamos diante do sepulcro de José de Arimatéia, no qual foi deitado o corpo do Crucificado. A atmosfera está pesada como chumbo, saturnina. Realiza-se o sentido do dia de Saturno. Sempre já fora a essência do dia de Saturno, que os fiéis da Velha Liga, obedecendo à rígida lei, se entregavam ao silêncio dos túmulos: hoje é o sábado dos sábados. Mas nos ocupa uma pergunta ansiosa. E como se um lutador tivesse penetrado em uma gruta escura a fim de subjugar no interior um monstro, um dragão. Voltará ele vitorioso?

No dia anterior, nas trevas do meio-dia, quando o Cristo inclinou a cabeça e morreu, rasgou-se a cortina no templo. Isto foi mais do que um efeito natural do terremoto. Abre-se a visão do aspecto interior do mundo. Apenas a noite ainda nos impede de ver. Mas, da escuridão saturnina desprendem-se imagens. Tênues luzes iluminam os arredores do sepulcro e clareiam o terreno em parábolas do supra-terreno.

Reúnem-se imagens que já foram vistas nas últimas estações da via do mistério. Mesa e Cruz resumem como arqui-imagens aquilo que aconteceu nos dois últimos dias. Adiciona-se como terceira arqui-imagem a do sepulcro. É como se a atmosfera templária do Santíssimo, ante o qual rasgou a cortina, se ampliasse, se estendesse ao nosso  mundo.

Desde os primeiros tempos, os sepulcros foram, ao mesmo tempo, os altares dos homens. Todo culto divino originou-se no culto aos mortos. Os homens da terra iam aos túmulos quando queriam comunicar-se com os deuses. As almas dos mortos eram mediadoras entre os homens e os deuses. Como as almas dos mortos podiam ser encontradas perto dos túmulos, ali também encontravam-se os outros habitantes do mundo espiritual. Assim era em passado muito remoto, quando a morte ainda era irmã do sono e ainda não detinha o poder de aterrorizar de tal modo os homens como atualmente. Os homens, durante sua vida terrena, ainda não estavam tão desesperadamente presos à matéria do corpo terreno e, por isso, também não se separavam tão definitivamente do plano terreno após a morte. Havia ainda entre o mundo terreno e o espiritual um intercâmbio semelhante à inspiração e expiração. As almas dos mortos podiam reunir-se à beira dos túmulos com os que deixaram na terra. A imortalidade, a presença das almas que viveram na terra, ainda era perfeitamente sentida e não era posta em dúvida. Era o ar que os homens respiravam e do qual se asseguravam especialmente ao visitarem os túmulos e ao construírem sobre estes os seus templos.

No decorrer dos séculos, os homens se encarnaram cada vez mais profundamente. Quanto mais se ligavam a matéria terrena, tanto mais perdiam, para a vida post-mortem, a possibilidade de permanecerem ligados à terra. Durante a vida na terra ficavam presos à matéria, após a morte ficavam presos a uma esfera de sombras, de onde lhes era difícil aproximar-se dos homens na terra. A Fenda entre a terra e o além se alargava cada vez mais, era cada vez mais intransponível. A esfera da vida após a morte transformou-se em prisão, como dizem as epístolas de Pedro no Novo Testamento. A humanidade corria o risco de perder a verdadeira imortalidade, a consciência que sobrevive à morte. Um encanto entorpecente se apoderou do reino dos mortos.

Quando os egípcios mumificavam seus mortos e oravam nas proximidades dos corpos embalsamados, apenas tentavam forçar a conservação do estado antigo, tentavam prender as almas aos restos cadavéricos, apesar da intransponibilidade cada vez maior daquele abismo. Mas não era possível evitar a fatalidade. Cada vez mais se instalou, nos séculos pré-cristãos, o terror diante do mundo dos mortos. O estremecer diante da esfera dos mortos preenchia o mundo grego. No Velho Testamento desaparece totalmente a idéia da imortalidade. Formou-se uma corrente religiosa isenta da certeza da imortalidade. A crença de que a vida se prolonga somente nos descendentes substitui a idéia da imortalidade.

Não obstante, nos séculos pré-cristãos as almas ainda não estavam tão presas ao corpo como atualmente. Em conseqüência, os homens que viviam na terra sentiam claramente a trágica fatalidade da morte. Um peso oprimia a humanidade. Ainda se visitavam os túmulos, mas as almas dos mortos não vinham mais e os deuses permaneciam ausentes dos altares. O sentimento asfixiante da época pré-cristã era devido muito menos à miséria material do que à miséria interior. A terra transformou-se em deserto que há muito tempo não recebia chuva. A morte, outrora irmã do sono, transformou-se em terror da humanidade. É este o fundo emocional da esperança cada vez mais ardente pela vinda do Messias, esperança que atravessa todos os povos da era pré-cristã.

Estamos agora entre a sexta-feira santa e a Páscoa. O corpo foi tirado da cruz e depositado no sepulcro. A humanidade não o percebeu, mas, misteriosamente, arqui-imagens, pensamentos divinos se entretecem aos acontecimentos. A Providência fez com que cruz e sepulcro se situassem em um local que há milênios já fora vivenciado como um ponto central da terra. Entre Gólgota, a colina rochosa que se prolonga na massa rochosa lunar da montanha do templo, e o sepulcro, cujos arredores formam o início da paisagem cultivada do Monte Sion, havia outrora uma fenda primária na superfície terrestre. (Ver “Koenige und Propheten”, pág. 58 e ss. e “Caesaren und Apostel” pag. 193 e ss). A antiga humanidade via nesse terrível abismo o túmulo de Adão. Foi aí que, pela primeira vez, a morte desceu sobre a humanidade. E, deste modo, desde os tempos mais remotos, esta fenda, que corta em duas a face da cidade de Jerusalém, esteve ligada à idéia de ser esta a porta do Inferno. Neste local foi erguida ontem a cruz e está hoje o sepulcro.

Ao tentarmos assim penetrar no aspecto interior dos acontecimentos, parece-nos que mais uma vez é rasgada uma cortina, diante de outra esfera: o reino noturno dos mortos abre-se diante de nós, a esfera mais sagrada (o Santíssimo) na qual vivem as almas dos mortos que, no entanto, estão magicamente presas pelas forças da morte. Encontramos, então, uma luz inesperada na escuridão saturnina da esfera dos mortos. Agora existe ali alguém que não está dominado pela força mágica da morte e é livre de todo torpor. Ele atravessa a morte carregando a plena luz solar do seu gênio. E, desta maneira, enquanto na terra reina o escuro sábado sepulcral, nasce o sol no reino dos mortos. É este o sentido da descida do Cristo ao inferno. No reino dos mortos nasce um reluzir de esperança. Afrouxa-se a força mágica da morte, porque a visão se abre sobre uma futura vitória da alma humana sobre o espectro terrível do reino dos mortos. Quando na terra ainda era sábado, no reino dos mortos já era Páscoa. Antes que os homens da terra percebessem algo da Páscoa, já a perceberam os mortos.

Como haverá de prosseguir o drama? Ainda não está decidida a questão se haverá Páscoa também no mundo da corporeidade terrena. Ocorrerá também no campo material a vitória sobre a morte? Vitória que já brilha no reino das almas?

A terra moribunda, arriscada a perder totalmente a conexão com o céu, recebeu um remédio. Recebeu corpo e sangue do Cristo. Foram estas as primeiras partes da matéria terrestre totalmente impregnadas pelo espírito. São elas o germe de uma nova matéria transiluminada pelo espírito. O ser espiritual-anímico do Cristo acompanhou o corpo depositado no sepulcro de José de Arimatéia como acompanhara o sangue cujas gotas molharam o Monte do Gólgota. Pela primeira vez ficou sem efeito o exílio para o além, pela morte.

Encontramo-nos em um ponto crucial da Providência. Todo o universo participa diretamente daquilo que acontece na cruz e no sepulcro. A comunhão através da qual a própria terra absorve o remédio cósmico cresce incomensuravelmente. Já na sexta-feira santa, no momento da morte do Cristo, iniciam-se os terremotos, o último dos quais ainda faz estremecer a manhã da Páscoa. Durante o sábado não cessaram totalmente, embora as forças na natureza talvez se adaptassem ao silêncio sepulcral adequado ao dia. Embora possa ofender o cômodo raciocínio terreno, Faz parte dos pontos culminantes cósmicos do drama do mistério do Gólgota aquilo que Rudolf Steiner transmitiu, como resultado da pesquisa espiritual, mas que pode ser comprovado também a partir do conhecimento dos segredos que repousam no solo de Jerusalém: reabriu a fenda original do Gólgota, que fora aterrada por Salomão. E, assim, a terra inteira se transformou em sepulcro do Cristo. A terra aceitou a hóstia que lhe foi oferecida, até mesmo fisicamente a aceitou em toda a profundeza. Ao pronunciarmos, com as palavras da nossa religião, os acontecimentos do sábado de Aleluia: “Ele foi enterrado no sepulcro da terra”, tocamos de leve o aspecto cósmico do mistério do Gólgota. Novalis sabia disto e expressou poeticamente que, quem ofereceu à terra o medicamente cósmico, não foi outro senão o próprio Cristo. O corpo do Cristo foi aparentemente sepultado por mãos humanas. Em verdade, ele se entregou livremente após a morte para a cura de toda a terra:

“…Como Ele, movido somente pelo amor
Se nos entregou totalmente.
E se deitou no seio da terra
Como pedra fundamental de uma Cidade de Deus”.

A comunhão cósmica do nosso planeta terreno ocorre na sexta-feira santa e no sábado da Aleluia, antes mesmo da vitória pascal completa. Eis porque o corpo fisicamente real e o sangue fisicamente real do homem Jesus de Nazaré foi o medicamento que a terra recebeu. O fluxo sacramental que daí se derrama pela humanidade parte da Páscoa. Foi o erro do culto de relíquia medieval, nada mais do que uma relíquia de hábitos e crenças pré-cristãs, que induziu os homens a pensarem que sua vida cultural-sacramental dependia de restos físicos do corpo de Cristo. Os portadores do culto da Cristandade, tanto o catolicismo ocidental quanto o oriental, mantiveram com razão o velho princípio de construir os altares sempre em forma de túmulo. Mas foi um erro ater-se à prescrição de que no altar deveria haver sempre uma relíquia, fosse da própria vida terrena do Cristo, fosse de um santo a ele ligado. Esta ordem foi um retorno a tempos pré-cristãos em que só se podia cultivar a relação como mundo espiritual à beira dos túmulos, onde repousavam os restos terrenos dos mortos. A refutação de todo culto de relíquias é o Sepulcro Vazio. O sepulcro de José de Arimatéia não continha resto algum do corpo de Cristo quando na manhã da Páscoa Pedro e João desceram na fenda escura.

O sepulcro vazio significa: Não olheis para o homem Jesus! Não estais diante do sepulcro de um grande e santo homem. Olhai para o Cristo! Ele é uma entidade cósmico-divina. Seu túmulo não é o sepulcro de José de Arimatéia, mas toda a terra. As verdadeiras relíquias não são quaisquer restos dos acontecimentos físicos, pois estes só poderiam captar o estado pré-pascal dos fatos do Gólgota. O significado da vitória pascal é que, doravante, o corpo espiritual do Cristo, tecido de luz, poderá reluzir em tudo o que é terreno. Pão e vinho, sendo o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue do Cristo, são o medicamento da nova vida conquistada através da vitória pascal. Neles, a homeopatia espiritual atravessa o mundo, tendo como portadores os homens ligados ao Cristo. A sabedoria do Cristianismo original em torno deste mistério, expresso, por exemplo, por Inácio de Antióquia, pode ser reconquistada em nossa época através do pensamento claro treinado pelas Ciências Naturais: pão e vinho são os medicamentos da imortalidade.

Os altares do sacramento renovado também têm a forma de um túmulo. E, quando as paróquias se reúnem em torno dos altares, sempre está presente o princípio do sábado da Aleluia. Somos os que esperam diante do santo túmulo. Sabemos que nosso altar não precisa abrigar relíquias. O medicamento está presente quando o Cristo está presente, no pão e no vinho. As arqui-imagens da mesa e do túmulo se interpenetram. E à mesa do Senhor podem novamente estar presentes os nossos mortos. Aqueles que atravessam a morte após terem se ligado intimamente em vida ao novo sacramento indubitavelmente saberão achar este Santo Sepulcro, mais facilmente até do que achar seus próprios túmulos. As almas não mantêm mais relação intensiva com os corpos de que se despojaram. Mas, quando nos reunimos em torno do altar, eles podem estar conosco e assim reforçar nosso relacionamento com o mundo espiritual. Os novos altares circundam-se com a mesma trama de arqui-imagens que envolvia o sepulcro nas redondezas das plantações do Monte Sion. Está sanado, aqui, o abismo entre este e aquele mundo e, invisivelmente, floresce o jardim pascal onde nossa alma, como Maria Madalena, pôde ver o Ressurreto como jardineiro de um novo mundo. De dentro para fora a escuridão saturnina é iluminada pelo sol pascal.


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