terça-feira, 9 de abril de 2013

Lendas dos Orixás: Nanã

NANÃ FORNECE A LAMA PARA A MODELAGEM DO HOMEM
Nanã Buruquê
Dizem que quando Olorum encarregou Oxalá 
de fazer o mundo e modelar o ser humano, 
o orixá tentou vários caminhos. 
Tentou fazer o homem de ar, como ele. 
Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu.
Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura.
De pedra ainda a tentativa foi pior.
Fez de fogo e o homem se consumiu.
Tentou azeite, água e até vinho de palma, e nada.
Foi então que Nanã Burucu veio em seu socorro. 
Apontou para o fundo do lago com seu ibiri (*), seu cetro e arma, 
e de lá retirou uma porção de lama. 
Nanã deu a porção de lama a Oxalá, 
o barro do fundo da lagoa onde morava ela,
a lama sob as águas, que é Nanã.
Oxalá criou o homem, o modelou no barro. 
Com o sopro de Olorum ele caminhou. 
Com ajuda dos orixás povoou a Terra. 
Mas tem um dia que o homem morre 
e seu corpo tem que retornar à terra, 
voltar à natureza de Nanã Burucu.
Nanã deu a matéria no começo
mas quer de volta no final tudo o que é seu.
(*) ibiri: cetro ritual de Nanã em forma de jota


NANÃ ESCONDE O FILHO FEIO E EXIBE O FILHO BELO

Conta-se que Nanã teve dois filhos.
Oxumarê era o filho belo e Omulu, o filho feio.
Nanã tinha pena do filho feio
e cobriu Omulu com palhas, para que ninguém o visse
e para que ninguém zombasse dele.
Mas Oxumarê era belo,
tinha a beleza do homem 
e tinha a beleza da mulher.
Tinha a beleza de todas as cores.
Nanã o levantou bem alto no céu
para que todos admirassem sua beleza.
Pregou o filho no céu com todas as suas cores
e o deixou lá para encantar a Terra para sempre.
E lá ficou Oxumarê, à vista de todos.
Pode ser admirado em seu esplendor de cores,
sempre que a chuva traz o arco-íris.


Fonte: Mitologia dos Orixás - Reginald Prandi - Companhia das Letras

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